
Você sabe da importância de conhecer o conceito de meia vida radioativa?
Sabe em qual área do diagnóstico por imagem ele é aplicado?
Do ponto de vista prático o conceito de meia vida é de interesse da Medicina Nuclear. Cada radionuclídeo administrado nos pacientes que irão realizar os exames cintilográficos, possuem meias vidas diferentes.
Você sabe a diferença entre a meia vida física, biológica e efetiva?
Provavelmente isso foi cobrado de você em provas, trabalhos, mas talvez você não lembre como são aplicados.
Neste texto não apresentarei as equações que são utilizadas para calcular essas meias vidas, vou focar nas definições e principalmente nos pontos práticos.
Vamos entender então…
A meia vida física é uma característica própria do radionuclídeo, é definida como o tempo que a quantidade de átomos radioativos diminui pela metade.
Não há nenhum tipo de processo que altere essa meia vida física, como diminuir ou aumentar seu tempo.
Temos alguns exemplos importantes e de interesse prático, como o Tecnécio (Tc) 99m que possui uma meia vida de 6 horas, isso significa que a cada 6 horas a quantidade de átomos de Tecnécio é reduzida em 50% .
Se ainda ficou em dúvida vou melhorar este exemplo, supondo que as 8 horas da manhã temos 100 mCi de atividade do Tc-99m, ao passar 6 horas, ou seja, as 14 h teremos somente 50 mCi deste material.
Agora vou usar um exemplo de um radionuclídeo que também tem aplicações na Medicina Nuclear, utilizado no diagnóstico e tratamento de doenças da tireoide o Iodo (I) 131, possui meia vida longa comparada aos outros radionuclídeos .
O radionuclídeo Iodo 131, tem meia vida de 8 dias, como falei anteriormente, isto significa que a cada 8 dias a quantidade de átomos radioativos diminui pela metade.
Ficou mais claro agora?
Vamos em frente …
Este é um ponto importante e a partir daí podemos entender um pouco da dinâmica de um Serviço de Medicina Nuclear .
Os radionuclídeos que possuem meia vida curta, como por exemplo o Flúor-18, com sua meia vida de 109 minutos ou mesmo o Gálio-68 com meia vida de 68 minutos.
Para estes radionuclídeos as imagens são realizadas em num tempo menor após sua administração entre 30 a 90 minutos por exemplo.
Agora os radionuclídeos como o Iodo 131, com meia vida de 8 dias , o Gálio 67 com meia vida de 3,2 dias nestes casos as imagens diagnósticas podem ser realizadas no dia seguinte. São as chamadas imagens tardias que servem para diagnosticar patologias que demoram um tempo maior para metabolizar esses radionuclídeos.
A meia vida biológica é o tempo no qual nosso organismo leva para eliminar/excretar por meio das fezes, urina, suor, saliva a metade de um medicamento que foi incorporado ou administrado pelo indivíduo.
Pode variar de individuo para indivíduo, pois alguns possuem um metabolismo mais lento e outros possuem um metabolismo mais acelerado, assim como a excreção.
Já essa meia vida biológica pode ser alterada para beneficiar o paciente, geralmente para reduzir esse tempo, que traz como resultado menor dose de radiação.
Exemplificando com a prática, durante os exames de Medicina Nuclear solicitamos para que os pacientes tomem água antes do procedimento, isso acelera a eliminação do radiofarmaco pelo sistema renal.
Outro exemplo é quando os pacientes realizam tratamento como a Iodoterapia, neste caso o paciente recebe o Iodo 131 via oral.
Para ajudar na excreção do Iodo que não foi metabolizada pelos tecidos tireoidianos, o paciente é orientado a beber bastante água e também recebe uma dieta que auxilia na excreção deste Iodo pelas fezes.
Em casos que envolvam ingestão acidental, contaminação radioativa, esses procedimentos ajudam na redução da dose absorvida, quando a meia vida biológica do material é reduzido.
Já a meia vida efetiva é importante para a Medicina Nuclear para entender o tempo de distribuição e eliminação da substancia radioativa pelo sistema biológico, como resultado de ambas as meia vidas: física e biológica.
A meia vida efetiva é importante para o calculo da dose de radiação, para o paciente e para determinar o tempo exato para realização das imagens cintilográficas após a administração do radiofármaco.
Considerando um único órgão podemos determinar a meia vida efetiva combinada à meia vida física e a biológica. Pensando no organismo como um todo, temos que determinar a meia vida efetiva para cada órgão pensando em cada um como um compartimento.
Para chegarmos a valores próximos do ideal.
Veja o quanto o conhecimento da física nuclear nos auxilia nas boas práticas nos procedimentos diagnósticos e terapêuticos.
Espero que os conceitos de meia vida física, biológica e efetiva tenham ficado claro para você e também suas aplicações práticas.
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Ref.
Chandra R. Nuclear Medicine physics – The Basics
Powsner R.; Powsner E. Powsner – Essential Nuclear Medicine Physics.
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